Fachadas pintadas, janelas quebradas:
Sonhos olímpicos nas ruas do Rio de Janeiro
Resumo
RESUMO
“Fachadas pintadas, janelas quebradas” é um trecho de minha tese de doutorado em Planejamento Urbano, defendida no IPPUR/UFRJ em setembro de 2017. O trabalho utiliza vocabulários de performance, planejamento e antropologia urbana para apresentar diferentes manifestações de arte urbana no Rio de Janeiro, criando assim uma “metodologia-sonho” para examinar experiências compartilhadas nas ruas da cidade e visões inspiradas por essas experiências. Também investiga os corpos ausentes que assombram as paisagens urbanas, especialmente aqueles corpos ausentados por violência física ou econômica (como brutalidade policial, por um lado, ou gentrificação, por outro). Assim, fantasmas urbanos e as “contramemórias” que esses carregam assombram a pesquisa desde o início, tanto em examinar os efeitos imediatos e interpessoais de grandes mudanças urbanas quanto em refletir sobre a relação entre a memória coletiva e a identidade individual. O trabalho visa aproximar, através de justaposições textuais e temáticas, diversas experiências de heteroglossia produzidas nos encontros de corpos e vozes distintos pelas ruas da cidade. Assim, ao invés de seguir rigorosamente as normas acadêmicas vigentes, o artigo se coloca enquanto texto performático, utilizando narrativas pessoais, grafites e propaganda de outdoors para investigar relações entre memória, território e corporeidade.
Palavras-chave: Estética urbana. Megaeventos. Contramemória. Gentrificação. Rio de Janeiro.
ABSTRACT
“Painted Façades, Broken Windows” is an excerpt from my 2017 doctoral thesis in Urban and Regional Planning at the Federal University of Rio de Janeiro. The text utilizes vocabularies of performance studies, urban planning, and urban anthropology to present different manifestations of urban art in Rio de Janeiro, creating a “dream methodology” to examine shared experiences of and visions for city streets. Additionally, the work investigates the absent bodies that haunt cityscapes, especially bodies that have been rendered absent by physical or economic violence (such as police brutality, on the one hand, and gentrification, on the other). As such, urban ghosts and the “counter-memories” they carry haunt the research from its beginning, both in examining the interpersonal, streetlevel effects of major urban changes and in prompting reflections on the relationship between collective memory and individual identity. In the work, I seek to approximate the heteroglossic experiences of bodies meeting in the city through textual and thematic juxtapositions. As such, I have departed from standard academic writing and approached the work as a performance text, utilizing protest chants, popular songs, and personal narratives – as well as citations from theoretical essays and newspaper articles – in order to investigate relations between memory, territory, and corporeality.
Key-Words: Urban aesthetics. Mega-events. Counter-memory. Gentrification. Rio de Janeiro.