Apresentação
O Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU) da PUC-Rio lança agora a revista PRUMO cujo primeiro número tem como tema a cidade do Rio de Janeiro. O objetivo desta revista é reunir as reflexões críticas de profissionais de diferentes áreas do conhecimento sobre os desafios e as soluções para a construção de ambientes socialmente justos, economicamente viáveis, ecologicamente responsáveis e com grande qualidade arquitetônica, refletindo, assim, os princípios que estruturam o nosso Programa de Graduação em Arquitetura e Urbanismo. A revista está estruturada em cinco seções: entrevistas, artigos, traduções, projetos e a estante de ideias. Ao longo delas busca-se estimular a reflexão sobre os desafios contemporâneos do projeto de arquitetura e urbanismo e discutir temas muitas vezes polêmicos e sempre de grande impacto sobre a vida cotidiana e o futuro das cidades, tais como a insustentabilidade do modelo de mobilidade urbana e da governança em escala municipal, a inserção global da produção da cidade e a sua comercialização ou a memória acumulada em espaços urbanos e nos edifícios que os constituem. Além disso, a revista promove o debate sobre projetos atuais e oferece para o leitor textos emblemáticos de teoria da arquitetura e urbanismo que, até então, não possuíam tradução para o português. Este número é resultado da dedicação de um grupo de professores do DAU/PUC-Rio, assim como de autores e colaboradores da revista, com destaque especial à dedicação dos professores Ana Paula Polizzo e Silvio Dias que coordenaram a elaboração desta publicação. Desejo a todos uma ótima leitura.
Maria Fernanda Campos Lemos
Diretora do Departameto de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio
Editorial
Não há dúvidas de que o Rio de Janeiro está em amplo processo de transformação. A cidade tem sido foco das atenções das iniciativas públicas e também privadas, principalmente por sediar grandes eventos de porte internacional nos próximos anos. Mas, afinal, que tipo de transformação está em curso na cidade? Quais são as condições para que ela efetivamente ocorra? Em busca não necessariamente por respostas concretas, mas pela possibilidade de reflexão através da análise crítica e do debate, o primeiro número da Revista Prumo terá como foco temático estas profundas modificações pelas quais está passando a cidade do Rio de Janeiro, bem como os fatores que têm desencadeado novas articulações sociais e que vêm se concretizando nos projetos em curso na cidade. Neste sentido, entendemos este como sendo um momento chave para nos colocarmos questões relevantes não só para a arquitetura que vem sendo produzida como também para a cidade e para a paisagem que vem sendo remodeladas.
Iniciamos as discussões com o artigo de Pedro Cláudio Cunca Bocayuva “Rio de Janeiro: modernidade global e intensidade no espetáculo urbano do século XXI” acerca de um possível processo de privatização da cidade juntamente com a criação de grandes imagens no cenário urbano, gerando, por conseguinte a completa fragmentação e desarticulação da cidade. João Masao Kamita, em “Por uma arquitetura filosófica – Considerações sobre um estado atual da arquitetura carioca” acrescenta dentro desta lógica, um fundamental olhar crítico à produção arquitetônica que vêm se desenvolvendo no Rio de Janeiro. O arquiteto português Nuno Portas traz uma releitura, vinte anos depois, de suas experiências na década de 80 na cidade do Rio de Janeiro com o artigo “Lembranças do Rio – Primeiro as ruas, depois as casas… e não o contrário”, ajudando-nos a refletir sobre a maneira como olhamos para nossas cidades e também para a questão da habitação. Em todo este processo de transformações urbanas, torna-se essencial um olhar para a questão das políticas de mobilidade e a acessibilidade na cidade, trazido por Ricardo Esteves através de “A mobilidade urbana em tempos de acessibilidade olímpica”. Já em “Cidade como problema público. Reflexão sobre o futuro do Rio de Janeiro” Marcelo Baumann Burgos e Maria Alice Rezende de Carvalho trazem à tona a dualidade presente entre os grandes investimentos e a completa falta de participação popular. E por fim, praticamente exemplificando todo este processo, fechamos com o artigo de Leonardo Name “O Maraca é de quem? ” Sobre novas tecnologias de informação e comunicação. E sobre resistência.
Apesar deste longo percurso, certamente muitos temas igualmente urgentes ficaram de fora. Nossa intenção é poder abrir as possibilidades de discussão sobre a construção da cidade de forma multidisciplinar. Ainda há muito que refletir.
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Revista Prumo