Crer que se crê

O Pós-Deus como condição necessária para a fé

  • Flavio José de Paula Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Resumo

A ideia de Deus, por muito tempo, foi identificada com uma compreensão metafísica da realidade. A entrada do pensamento helênico no cristianismo desistorizou os acontecimentos centrais da revelação e os transformou em categorias ontológicas, fato que chegou ao seu cume no pensamento escolástico, sobretudo nas chamadas provas da existência de Deus, seja com Santo Anselmo, seja com Santo Tomás de Aquino. Tal compreensão do absoluto, no entanto, entrou em crise, principalmente a partir do anúncio de Nietzsche de que Deus está morto e da interpretação heideggeriana deste evento em termos de fim da metafísica. Com o fim da crença nesta estrutura do real, abre-se novamente a possibilidade de se crer, não no sentido forte do termo, isto é, de ter a certeza absoluta de que a totalidade da realidade é algo objetivável, mas ao menos no sentido fraco, do “crer que se crê”, enquanto possibilidade de retorno à ideia do Deus bíblico. A partir do fim da Modernidade, entra-se em um tempo que se pode chamar de pós-Deus, pós-metafísico, e, por isso mesmo, em um tempo de superação do discurso hermético, e, consequentemente, de abertura ao Deus revelado em Jesus.

Publicado
Dec 30, 2021
Como Citar
DE PAULA, Flavio José. Crer que se crê. Pesquisas em Teologia, [S.l.], v. 4, n. 8, p. 213-232, dec. 2021. ISSN 2595-9409. Disponível em: <https://periodicos.puc-rio.br/index.php/pesquisasemteologia/article/view/1627>. Acesso em: 21 nov. 2024. doi: http://dx.doi.org/10.46859/PUCRio.Acad.PqTeo.2595-9409.2021v4n8p213.
Seção
Artigos do dossiê