O diálogo inter-religioso a partir, e não apesar, da fé cristã
Resumo
Considerando tanto o fenômeno da pluralidade religiosa quanto os elementos da identidade cristã a partir do qual o cristianismo se sustenta, este artigo pretende apontar a partir do pensamento de Schillebeeckx algumas razões pelas quais a fé cristã pode e deve se abrir à diversidade religiosa marcadamente evidenciada pela modernidade. À luz da teologia cristã, a abertura ou o otimismo para com as religiões não-cristãs não se fundamenta no fenômeno do pluralismo em si que visibiliza uma variedade nos modos de crer. As razões para o diálogo inter-religioso são encontradas a partir daquele que é o normativo da fé cristã, Jesus de Nazaré, confessado como o Cristo, que voltou sua vida totalmente ao Reino de Deus e sua ação na história humana. Nele, que é historicamente contingente, descentrado de si e revelador de um Deus aberto e não fechado é que se justifica o otimismo cristão para com as demais religiões. Tendo presente isso, os cristãos enquanto comunidade dos seguidores de Jesus e seguindo seu exemplo deve evitar qualquer tipo de atitude autorreferencial ou tentativa de enclausuramento de Deus, além de acolher e respeitar os valores das outras religiões e reconhecer nelas a singularidade divina aí presente.