A pró-existência de Heinz Schürmann na Cristologia de Joseph Ratzinger
Resumo
Na trilogia “Jesus de Nazaré”, Ratzinger utiliza o termo “pró-existência”, cunhado pelo exegeta alemão Heinz Schürmann, afirmando que tal conceito apresenta não só um aspecto ou dimensão da vida de Cristo, mas a dimensão ou aspecto mais íntimo e integral, que possibilita ao homem entrar no seu mistério e compreender também o que significa ser seu discípulo, segui-lo. Pergunta-se, então, como Heinz Schürmann concebia a pró-existência. Segundo Schürmann, Jesus foi o homem que viveu totalmente descentralizado: viveu para “os outros” em dupla direção, vertical e horizontal: para o Pai e para os homens; fez de sua vida um serviço, uma entrega que chegou ao seu ápice na sua morte. Jesus não só redimirá a humanidade dos seus pecados, mas também, pelo seu exemplo pró-existente e abertura, libertará o Homem da escravidão do seu próprio “eu”. Schürmann aponta como fundamento último da pró-existência de Jesus a própria vida intra-trinitária. Como consequência, Cristo se apresenta como o “homem novo”, o “último Adão”, doador da vida e que abre o homem ao próprio projeto original de Deus. Schürmann conclui que a vida só tem sentido quando se entra no mistério da morte de Cristo, que levará o homem à remissão da culpa, à libertação do próprio “eu”, e tornará a pessoa capaz do serviço, para Deus e para o próximo, para o bem da sociedade e de toda a criação.