Situações Ordinárias nos Espaçostempos Escolares
Resumo
Neste trabalho abordo alguns problemas percebidos cotidianamente ao longo de 12 anos de experiência como professor de Geografia em escolas de educação básica do Rio de Janeiro e entendidos como conhecimentos curriculares, tais como a homogeneização forçada através do currículo mínimo adotado pela SEEDUC/RJ. Tomando o currículo apresentado como documento escriturístico, sublinho a falta de espaço para diálogo, a pouca participação de professores e estudantes na criação dos currículos, provocando epistemicídios e alimentando-se nos riscos da teleologia da certeza. Como principal objetivo pretendo apresentar outras maneiras de compreensão e valorização das diferenças presentes nas situações corriqueiras nos espaçostempos escolares com o intuito de combater o pensamento único e desinvizibilizar a importância das práticas. Metodologicamente faço isso através da pesquisa com o meu cotidiano de professor de Geografia atuante em 07 escolas distribuídas pelas zonas sul, norte e oeste da cidade. Meu trabalho só tomou corpo depois que reconheci a possibilidade da produção de saberes dentro da sala de aula, valorizando o conhecimento pregresso dos estudantes e a minha prática docente. Observar o cotidiano do trabalho e produção docente/discente por essa ótica permite afirmar que não há possibilidade de estabelecer previsibilidade ou controle sobre os acontecimentos dentro da sala de aula e não há como negar que a pesquisa está intimamente ligada à vida e à formação de professores como sujeitos e conhecedores dos currículos. Pensando a relação sujeito-objeto e o parâmetro epistemológico, posso afirmar que estou incluído no meu objeto de estudo, ou seja, sou sujeito e objeto do estudo, e são as minhas leituras e relatos que possibilitam esse ensaio com o cotidiano dessas salas de aula e as relações que estabeleço, a partir das experiências que vivo com todos os outros lugares que coabito durante a minha prática docente, influenciando, sendo influenciado e ponderando sempre. Se espaço é devir, ele nunca está pronto, está sempre em transformação. Assim os espaços escolares são o palco do encontro de diversas trajetórias distintas e a riqueza do cotidiano escolar reside na pluralidade, na heterogeneidade presente nessas situações ordinárias e nas criações desses atores. O artigo é resultado parcial de uma pesquisa de mestrado em andamento e não apresenta conclusões, mas incita o diálogo e fomenta o debate sobre a docência, o cotidiano escolar, os currículos, estudantes e profissionais da educação, destacando a importância dos pormenores e resíduos diários para compreender parte das narrativas produzidas no dia a dia como conhecimentos curriculares.
Palavras chave: Currículos, Estudos do Cotidiano, Espaço, Professor.
Abstract
The article highlights some issues on teaching Geography at basic schools in Rio de Janeiro, Brazil, over 12 years that stand out when considering my everyday life experiences as knowlegdes in the field of curriculum, such as forced homogenization through the minimum curriculum adopted by SEEDUC / RJ. Taking the curriculum presented as a scriptural document, I underline the lack of space for dialogue, the low participation of teachers and students in the creation of curricula, provoking epistemicide and feeding on the risks of teleology of certainty. As the main goal, I intend to present other ways of understanding and valuing the differences presented in everyday life situations within school settings in order to combat the abyssal thinking and to unblind the importance of practices. Methodologically, I research my ow practices within my everyday life as Geography teacher working in 07 different basic schools in all the regions of the city. My work only took shape after I recognized the possibility of producing knowledge within the classroom, valuing students' prior knowledges and my teaching practice. Observing the daily work and production of teachers-students from this perspective allows to affirm that there is no possibility of establishing predictability or control over events within the classroom and there is no denying that the research is closely linked to the life and work of teachers as curricula specialists. Thinking about the construction of the object of this investigation and its epistemological parameters, I can affirm that I am included in my object of study, that is, I am subject and object of this study, and it is my readings and reports that make this essay possible with the everyday life of these classrooms and the relationships that I establish, from the experiences I live with all the other places that I cohabit during my teaching practice, influencing, being influenced and always pondering. If space is movement, it is never ready, it is always in transformation. Thus, the school spaces are the stage of the meeting of several different trajectories and the richness of school daily life lies in the plurality, the heterogeneity present in these ordinary situations and in the creations of these actors. The article is a partial result of an ongoing master's degree research and does not present conclusions, but it encourages dialogues and debate on teaching, school daily life, curricula, students and education professionals, and finally highlightings the importance of everyday details and waste to understand part of the narratives produced in the day to day as curricular knowlegdes that allies theory and practice.
Key words: Curricula, Everyday Life Studies, Space, Teacher
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