Pensando o Espaço Escolar
um estudo sobre a relação entre inclusão e liberdade no INSTITUTO de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ)
Resumo
Discussões sobre o espaço escolar, apesar de ainda pontuais, têm levantado sua semelhança com espaços historicamente associados à lógicas disciplinadoras e uniformizantes, como os hospitalares, manicomiais e prisionais (FOUCAULT, 2014). Nesse contexto, ao passo que alguns trabalhos apresentam esse espaço como sendo mantido constantemente por parâmetros de vigilância e punição, outros salientam sua lógica de isolamento em relação ao espaço externo à escola. Enquanto isso, outras pesquisas defendem a ideia de que tais ambientes podem ser entendidos como não-lugares (MALANSKI, 2014), sendo capazes de eliminar subjetividades ao padronizar corpos e desempenhos com o objetivo de tentar – constantemente – garantir uma plena normatividade social, caracterizada por sua docilidade, obediência, submissão e extrema passividade. Borges (2004) aponta em seu trabalho algumas das estruturas materiais presentes no espaço escolar: segmentação do corpo discente em turmas dispostas “lado a lado sem comunicação”, presença de grades nas janelas e portões, muros altos, pouca ou nenhuma visibilidade do espaço externo (BORGES, 2004, p.5). Outra característica deste espaço é a presença de janelas nas portas que garante o pleno funcionamento de uma estrutura espacial panóptica, apresentada e analisada por Foucault (2014). Esta organização estrutural, como afirma Dayrell (2001), não é neutra, uma vez que “o espaço arquitetônico da escola expressa uma determinada concepção educativa” (DAYRELL, 2001, p.147), materializando uma veiculação de símbolos e intenções (ALMEIDA & ROCHA, 2009). Impregnado de rituais que controlam o espaço-tempo na escola (DAYRELL, 2001), o espaço escolar pode ser pensado – numa perspectiva institucionalista – como a manifestação que determina e é determinada por um conjunto de valores, crenças e comportamentos coletivamente disputados (NUNES & SANFELICI, 2018). Há uma retroalimentação entre as intenções de criação do espaço escolar e o processo de adequação à essas intenções, que a escola constrói para então incutir em seus alunos. Neste contexto, entretanto, há os indivíduos que se manifestam no cotidiano, confrontando as normas colocadas, e por isso são qualificados como “problemáticos” ou “subversivos”. A fim de contribuir para tal tema em questão, acreditamos ser relevante a realização de um estudo de caso em uma instituição reconhecida socialmente como referência: o Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ), localizado no bairro do Rio Comprido, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.
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