O Currículo de Referência Sul-Mato-Grossense para o Ensino de Geografia: desobediência epistêmica, insubmissão e decolonialidade
Resumo
Este estudo apresenta os resultados de uma pesquisa de trabalho de conclusão de curso desenvolvida junto ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Antirracista, Diversidades e Direitos Humanos (NEPEA) de uma Universidade pública sul-mato-grossense. Com um enfoque teórico-metodológico decolonial, o ensino e a aprendizagem de temáticas curriculares na área do conhecimento geográfico indicadas para as séries finais do Ensino Fundamental (amostra do 6º ao 8º ano) foram abordados, problematizando e propondo possibilidades para o reconhecimento das diversidades (raça, gênero, sexualidades e outras questões) presentes nas identidades sociais de estudantes do sudoeste sul-mato-grossense na área do ensino de Geografia. Os dados foram coletados por meio da pesquisa bibliográfica e documental de como se situa a área do conhecimento geográfico no currículo de referência do estado de Mato Grosso do Sul (CRMS) a fim de propor a insurgência decolonial, a desobediência epistêmica e a insubmissão teórica. Como conclusão, a perspectiva decolonial do ensino de Geografia propõe engajamento nas experiências de vida de estudantes da educação básica; contribui para a inclusão de narrativas de grupos inferiorizados nos conteúdos; evita desprezar a existência de grupos historicamente desumanizados, o epistemicídio e o racismo estrutural que funcionaram como elementos orientadores da colonialidade do poder reproduzidas em temáticas curriculares da Geografia. Esse constante questionamento das permissões e silenciamentos que o currículo propõe pode ser problematizado pelo corpo docente da área, a fim de romper com o totalitarismo científico que visa contaminar de preconceitos os saberes advindos de sujeitos inferiorizados.
Palavras-chave: Ensino de Geografia, Decolonialidade, Currículo.
Abstract
This study presents the results of an end-of-course research project carried out at the Center for Studies and Research in Anti-Racist Education, Diversity and Human Rights (NEPEA) of a public university in the state of Mato Grosso. With a decolonial theoretical-methodological approach, the teaching and learning of curricular themes in the area of geographical knowledge indicated for the final grades of elementary school (6th to 8th grade sample) were approached, problematizing and proposing possibilities for the recognition of diversities (race, gender, sexualities and other issues) present in the social identities of students from the southwest of Mato Grosso do Sul in the area of Geography teaching. The data was collected through bibliographical and documentary research into how the area of geographical knowledge is situated in the reference curriculum of the state of Mato Grosso do Sul (CRMS) in order to propose a decolonial insurgency, an epistemic disobedience and a theoretical insubmission. In conclusion, the decolonial perspective of geography teaching proposes engagement with the life experiences of basic education students; it contributes to the inclusion of narratives from groups treated as inferior in the content; it avoids disregarding the existence of historically dehumanized groups, the epistemicide and the structural racism that have functioned as guiding elements of the coloniality of power reproduced in geography curricular themes. This constant questioning of the permissions and silences that the curriculum proposes can be problematized by the teaching staff in the area, in order to break with the scientific totalitarianism that aims to contaminate the knowledge coming from subjects treated as inferior with prejudice.
Keywords: Geography teaching. Decoloniality. Curriculum
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